quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"Sim, a mulher pode"

* Por Sara Cavalcanti

Com essa frase uma das mulheres mais poderosas do mundo inicia seu primeiro discurso, logo após o resultado eleitoral. A eleição de Dilma Rousseff foi um fato histórico, de intensa repercussão no mundo inteiro. Ela é a primeira mulher eleita presidente do Brasil, um marco para um país que ainda enfrenta preconceitos em relação às mulheres. Além disso, a eleição de Dilma significou a continuidade do ciclo político iniciado pela vitória de Lula em 2002.

As últimas eleições deixarão marcas profundas na história política do Brasil. Em 2002 tivemos uma alternância de classe, elegendo como presidente o primeiro operário, que criou bases políticas e econômicas para uma maior e mais rápida expansão e consolidação de um modelo econômico que combinasse crescimento e distribuição de renda. Agora em 2010, pela "primeira vez na história deste país" um presidente consegue eleger seu sucessor, que é também um diferencial, pois causou uma alternância de gênero, elegendo não apenas a primeira mulher presidente, mas também uma militante da resistência contra a ditadura.

Durante o processo eleitoral a questão de gênero foi pautada superficialmente e de forma conservadora. A campanha foi norteada pela agressividade e por temas morais e religiosos. E, embora a votação de Dilma tenha sido predominantemente masculina, o fato de ter sido eleita lança um novo olhar para a mulher na sociedade.

Sim, as mulheres! Que são maioria nas universidades, que representam metade dos trabalhadores brasileiros, que são mais da metade do eleitorado e que ainda fazem parte de um país com o maior índice de violência doméstica. Que possuem uma representação ridícula de 8% do parlamento. Que mesmo tendo 12 anos a mais de escolaridade do que os homens recebem 30% a menos do que eles.

Com a eleição de Dilma o Brasil fica a frente da França e dos EUA que jogaram papel decisivo no sufrágio universal, mas não tiveram no cargo de maior expressividade do país uma mulher. Imaginem, as meninas crescendo e vendo que a nação pode ser representada por uma mulher! Que elas podem ser médicas, bombeiras, delegadas, e também Presidentas da República.

Em 1812, o filósofo Charles Fourier elaborou uma frase que Engels, tempos mais tarde, comentou em seus escritos de que “o grau de emancipação da mulher numa sociedade é o termômetro natural pelo qual se mede a emancipação de um povo”. Não mudamos a história com a eleição da Dilma, mas com toda a certeza daremos grandes passos para a mudança de concepções e mudanças culturais.

Sara Cavalcanti
Estudante de Serviço social,
da Comissão Política Estadual do PCdoB,
e Secretária de Organização da UJS-ES.

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