terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Está criado o blog da UJS-ES



















Segue abaixo a primeira postagem, vamos estudar esse documento e chamar a galera pra trocar idéia sobre o assunto! O próximo congresso já tá chegando... Abraço a todos.

15º Congresso da UJS - Salvador/BA - Junho de 2010

Subsídio para os debates e formulação do Caderno de Propostas


Estamos diante de uma oportunidade histórica para transformar o Brasil numa grande nação, mais desenvolvida e justa, no presente. Concretizar essa oportunidade é o grande desafio de nossa geração e o chamado deste 15º Congresso da União da Juventude Socialista.

O Brasil, por suas vastas dimensões territoriais, abundância de riquezas naturais, condições climáticas favoráveis e grande contingente populacional e identidade nacional sempre foi visto, externa e internamente, como uma nação de imenso potencial.

Dizia Gilberto Freyre que o Brasil era “um novo mundo nos trópicos”. No entanto, as contradições da história de nossa formação nunca permitiram que tal potencial fosse realizado de maneira plena. Muitas oportunidades foram perdidas graças a opções das elites que, à margem dos interesses do país, preferiram o conservadorismo e o atrelamento às potências internacionais de cada época. Hoje a situação diferente, pois forças políticas interessadas em fazer o país dar certo e em desenvolver todo esse potencial estão no governo.

Estão errados aqueles que contam a história do nosso país sob viés derrotista e retiram de cena a participação do povo nas grandes transformações. Somos admirados em todo o mundo por achar a unidade em meio à nossa diversidade. Esse é nosso fator original. Embora a trajetória de nossa formação seja dolorosa e repleta de percalços, o suor e a bravura do povo estão contidos em todos os avanços que resultaram no país como conhecemos hoje.

Na disputa de projetos para o Brasil, os jovens sempre jogaram no time do avanço. Por isso dizemos que aproveitar essa chance é, em grande medida, uma tarefa da atual geração de jovens – hoje somos 50 milhões de pessoas, ou 1/4 de toda a população do país. Sem essa força seria pura fantasia vislumbrar o desenvolvimento nacional soberano e ambientalmente sustentável, a integração solidária da América Latina, a valorização do trabalho, o combate às desigualdades sociais e regionais, a ampliação da democracia e a reversão dos entraves históricos do país e a luta pela construção do socialismo brasileiro.

A UJS chega aos seus 25 anos com destacada presença em setores diversos de organização juvenil. Mas, principalmente, chegamos aos 25 com a bagagem de quem herdou a tradição de lutas de gerações que se entregaram pelo bem do Brasil, nasceu em meio a um dos momentos de maior mobilização popular de nosso país, combateu e sobreviveu ao calvário neoliberal, e ajudou a conquistar o grato período de mudanças que hoje vivenciamos. Por toda essa história, não poderíamos deixar de pretender ser a principal força de mobilização da juventude brasileira na luta pela nova sociedade. É essa a vocação e razão de ser da UJS: lutar pela construção do Brasil socialista!


“Que este é o tempo ansiadoDe se ter felicidade” (Elton Medeiros/ Hermínio Bello de Carvalho)
Um novo caminho que se abre
O brasileiro já deixou para trás a época do “complexo de vira-latas”, quando acreditávamos ter uma vocação quase mística para a derrota. Também já guardamos nas gavetas da história a fase do “gigante adormecido” e já não nos contentamos em ser o eterno “país do futuro”. O desafio da nossa geração é aproveitar a oportunidade para construir o Brasil como grande nação hoje, no presente!

Nosso país atravessou duas décadas, anos 80 e 90, andando para trás. Aqui, a radical implementação do projeto neoliberal trouxe efeitos trágicos que podem ser medidos pela devastação econômica e social que produziram, mas que não pararam por aí. A situação de extrema dificuldade enfrentada pelo povo, aliada às condições de país apêndice de interesses estrangeiros, surtiu também pesado efeito subjetivo: o Brasil parecia fadado ao fracasso. Continuava a ser um gigante, mas um gigante de joelhos.

A representação histórica da chegada de um representante do povo ao governo, identificado com a trajetória de milhões de brasileiros, gerou expectativa e esperança de que era possível mudar o Brasil.

E, mesmo com contingenciamentos, compromissos assumidos e falta de convicção para rompimento mais profundo com o legado neoliberal, o Brasil de 2010 é de longe melhor que o de 2002. Passados quase oito anos do novo ciclo político aberto, o país pode sonhar mais alto. A grande maioria do povo tem jogado junto e atuado como verdadeiro protagonista das transformações.

Provas disso não faltam: a confiança do mercado interno, assentado principalmente entre os trabalhadores, foi fundamental para que o Brasil se recuperasse da crise internacional. Enquanto o povo assumia sua parte para reverter a situação, o que faziam os banqueiros e mega-empresários? Tiravam crédito da praça e precipitavam uma temporada de demissões em massa. Um mesmo problema obteve duas reações distintas. Esse fato demonstra que quem sustenta e tem responsabilidade com o país são os trabalhadores.

Copa, Olimpíadas e legado

Também emblemáticos foram a mobilização e o profundo sentimento de orgulho nacional produzidos nas escolhas do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A vitória nessa última, em particular, demonstrou o prestígio internacional de que o Brasil goza atualmente. Afinal, a candidatura do Rio de Janeiro derrotou cidades como Chicago, cujo cabo eleitoral era nada menos que Barack Obama, presidente dos EUA, além de Madri e Tóquio.

Mais do que simples competições esportivas, os dois eventos são oportunidades para que o país eleve seu nome no mundo, atraia investimentos, enfrente os problemas infraestruturais das grandes cidades e incremente seu potencial turístico. O legado dos jogos não se esgotarão nos eventos e terão impactos duradouros para o país.

Além disso, os brasileiros são reconhecidos internacionalmente por sua paixão e talento no esporte, de maneira que sediar a Copa e as Olimpíadas deve despertar o interesse de milhões para a prática esportiva, reforçando esse traço de nossa brasilidade e contribuindo para diversificar nossas praças e modalidades de excelência.

Isso terá peso especial em nossas vidas, porque incentivará escolas, universidades, clubes e governos a investirem mais no esporte. Com mais projetos esportivos acessíveis às camadas populares, mais possibilidades de crianças e jovens se distanciarem de práticas violentas que as enredam, como a criminalidade e o mundo do narcotráfico.

As rédeas do destino em nossas mãos
Contudo, não será automático nem simples transformar possibilidade em realidade. Agarrar tal oportunidade dependerá da capacidade das forças interessadas da sociedade – jovens, trabalhadores, movimentos sociais – impulsionarem um projeto que aprofunde as mudanças em curso. Dependerá da mobilização de milhões para tomar para si as rédeas do destino e impor a derrota final aos representantes das elites conservadoras.

E será preciso não se render ao “gradualismo”, condição pela qual as mudanças aconteceriam de maneira lenta e sem produzir enfrentamentos políticos. Essa concepção amortece os movimentos sociais e sua capacidade de reivindicar e acelerar processos. Nós, do movimento juvenil, temos responsabilidade ainda maior em evitar essa acomodação e puxar as mobilizações pelo aprofundamento das mudanças.

Pré-Sal: oportunidade única para o Brasil dar um salto
Um dos legados produzidos nestes anos de governo Lula, obtido especialmente no segundo mandato, é a retomada do papel do Estado como indutor do desenvolvimento. A década neoliberal havia sepultado a tese de que governos devem planejar e atuar para que o país se desenvolva, sua economia cresça, os serviços públicos tenham qualidade e alcancem a população. Impuseram o ideal elitista de Estado Mínimo, no qual o “mercado” regularia a economia, sanearia as desigualdades e faria aquilo que a “ineficiência” do Estado não consegue. Tal teoria justificou o desmantelamento da máquina pública, as funestas privatizações de empresas estatais e produziu uma verdadeira “lei do cão” na economia.

Depois de muita luta, tal ideologia sofreu duras derrotas. Hoje, o Estado brasileiro começa a recuperar capacidade de intervenção, a começar pelo reaparelhamento de suas estruturas e seu quadro funcional. Em média, 44 novos funcionários públicos foram contratados por dia sob os governos de Lula, revertendo uma política de demissões dos anos FHC.

O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado em 2007, é outra importante iniciativa neste sentido, pois articulas grandes obras e investimentos públicos e privados para financiá-las.

Mas a principal demonstração da nova postura está na descoberta das gigantescas reservas de petróleo na camada de Pré-Sal. Estima-se que a capacidade de produção brasileira salte dos atuais 14 para cerca de 50 bilhões de barris de óleo. A própria descoberta é fruto de pesquisa e recursos tecnológicos nacionais, tendo a Petrobrás papel determinante nisso.

O novo marco regulatório do petróleo, enviado ao Congresso Nacional, modifica a atual forma de exploração e introduz o regime de partilha da produção, segundo a qual as reservas são de poder do país e não da empresa que perfura os campos. Isso significa que o Brasil volta a ser dono de uma riqueza extraordinária e poderá ditar o ritmo de sua exploração e se apropriar de uma quantia muito maior desses recursos.

A oposição neoliberal, que no governo FHC chegou a tentar vender a Petrobrás, agora bate o pé. Diz que tal modelo é atrasado e o melhor era que as coisas ficassem como são hoje. Não concordamos com isso e lutaremos para que o pré-sal seja efetivamente nosso e não das grandes empresas petrolíferas internacionais.

Vencer essa batalha será um passo decisivo para incrementar e financiar o desenvolvimento de nosso país. Um dos projetos para regular o Pré-Sal prevê a criação de um Fundo Social para destinar recursos a áreas como educação, combate à miséria, saúde e desenvolvimento tecnológico. A UJS, assim como as entidades do movimento estudantil, não perdeu tempo e comprou a briga para que 50% dos recursos deste Fundo sejam destinados à educação, pois assim poderemos até ultrapassar os 10% do PIB investidos na área e uma educação pública, gratuita e de qualidade é essencial para o país que queremos.

Um país melhor para a juventude
Nos quase oito anos de governos Lula aconteceram avanços importantes, a começar pelo fato de que passamos a ser vistos como protagonistas e agentes de políticas públicas. Desde 2005, com a criação da Secretaria e do Conselho Nacional de Juventude, temos voz e possibilidade real de formulação e implementação de políticas com incidência direta em nossa realidade. A Conferência de Juventude, que teve participação de 400 mil jovens, pode ouvir diversos segmentos juvenis organizados para mapear demandas e estipular prioridades de ação. Três projetos são fundamentais para colocar as conquistas como políticas de Estado: o Estatuto da Juventude, cuja relatora é a deputada e militante da UJS Manuela D`Ávila (PCdoB), o Plano Nacional da Juventude e a PEC da Juventude, que tramita no Senado.

Há feitos positivos na educação básica e fundamental, como a implementação do Fundeb, que destina novos recursos a serem investidos na área, e o novo Enem, que ao menos teve o mérito de levantar o debate sobre o fim do ultrapassado método de ingresso através do vestibular. Caso a proposta vingue poderá surtir o efeito de ensejar mudanças na própria organização do ensino médio, o que será positivo.

Também devem ser saudados o fim da DRU (Desvinculação de Receitas da União) para a educação e a inscrição na Constituição de meta de investimentos na área atrelada ao PIB, conforme prevê a Emenda Constitucional 59 recém aprovada. São mudanças importantes a implantação do Piso Nacional Salarial para os professores, medida de valorização profissional, bem como a obrigatoriedade do ensino dos quatro aos 17 anos e o ensino fundamental de nove anos.

Além disso, programas como o ProUni, por exemplo, possibilitaram que quase meio milhão de jovens pobres adentrassem às universidades e tivessem perspectiva de um futuro melhor. A ampliação de vagas em universidades públicas e a abertura de novos campi, ainda que muito aquém das necessidades do país, também produziram impacto, inclusive o de diminuir o fosso existente entre o ambiente acadêmico e a realidade do povo.

O militante da UJS Ricardo Reis é um exemplo concreto do resultado que políticas públicas podem ter na vida de um jovem. Com 28 anos e aluno do ProUni, conseguiu ingressar no Mackenzie, universidade tradicionalmente reservada às elites paulistas e que, provavelmente, ele não conseguiria arcar com o custo da mensalidade. Agora, Ricardo deve se formar em Publicidade. Aproveitando outra oportunidade gerada por uma política específica, ele acaba de entrar no financiamento da casa própria através do Minha Casa, Minha Vida. Muitos outros jovens e suas famílias têm melhorado suas vidas de maneira semelhante.

Avanços sociais e democráticos
Avanços sociais possibilitaram com que 20 milhões de pessoas deixassem a condição de extrema pobreza. Para se ter uma idéia, é aproxidamente duas vezes a população de Portugal. Isso produz efeitos para os jovens, inclusive porque a frequência escolar é pré-condição para que o alistamento em programas como o Bolsa Família. Os programas sociais ajudaram muito, mas não são os únicos responsáveis pela melhoria. A recuperação do salário mínimo, agora com política que vincula o aumento à variação do PIB, e a geração de mais 8,5 milhões de empregos com carteira tiveram impacto importantíssimo.

Conforme foi dito, a recuperação do mercado interno, ao lado da existência de sólido sistema bancário público (BB, CEF e BNDES), foi um dos fatores principais para que o país atravessasse a crise econômica sem quebrar e já tenha retomado a rota do crescimento. Só no mês de outubro de 2009, por exemplo, foram geradas 230 mil vagas formais no mercado de trabalho, número expressivo para a época do ano. No acumulado do ano (2009), passam de 1 milhão os empregos formais criados, segundo o Caged (Cadastro Geral do Emprego, Ministério do Trabalho).

Vivemos também um tempo de maior democracia. Movimentos sociais têm canais diretos de diálogo com o governo para expor suas pautas. A UJS mesmo já foi recebida várias vezes pelo presidente e pode apresentar reivindicações e fazer críticas. Lula inclusive participou de nosso 13º Congresso Nacional e, mais recentemente, do 51º Congresso da UNE.

A mobilização dos trabalhadores também alcançou resultados expressivos: as greves foram ampliadas e diversas categorias conquistaram aumentos reais e ampliação de direitos. Fruto da luta unitária das centrais sindicais, estão perto de conquistar a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. A elite e a grande mídia ficam raivosas e dizem que o governo não tem autoridade porque não coíbe as greves e os movimentos sociais. Nós não acreditamos nessa lorota. Mobilização e reivindicação não são casos de polícia, mas de política, e apenas através delas são conquistados os avanços.

Mais soberania e prestígio internacional
Na postura do Brasil perante o mundo encontramos uma das mais significativas mudanças desse ciclo político. Na era FHC, o Brasil era dependente dos EUA, atuava como seu braço político na América Latina e rumava para assinar o tratado neocolonialista da ALCA. O governo Lula ajudou a enterrar tal acordo e passou a agir com independência e em defesa da soberania nacional. Nossa política externa diversificou as relações políticas e comerciais, diminuindo a fragilidade do país a problemas externos e alcançando prestígio mundo afora.

Também tem apostado na integração solidária com nossos irmãos sul e latino americanos, através do Mercosul, Banco do Sul, Conselho Sulamericano de Defesa, dentre outros fóruns de cooperação. Vale salientar que a postura brasileira no processo de integração deve zelar pelos interesses do país, mas sem prejudicar os interesses de outras nações e povos. É correto utilizar nosso potencial para contribuir na superação das iniqüidades. O Brasil age certo ao combater as tentativas e os golpes de Estado, casos que ocorreram na Bolívia, na Venezuela e, mais recentemente, em Honduras.

“Gente que lutou pra se libertar
Ver no amanhã novo sol chegar
Tem que trabalhar, reconstruir
Bom futuro há de vir” (João Nogueira/ Geraldo Vespar)

Combate à violência; educação; saúde; emprego para a juventude
Mas se devemos saudar os avanços, inclusive porque foram obtidos graças às nossas lutas e mobilizações, isso não deve encobrir as grandes defasagens que ainda perduram. Algumas delas afetam particularmente a vida da juventude e comprometem seu fututo. A UJS deve lutar incansavelmente para reverter essa dura realidade e pautá-las na sua ação cotidiana, através de plataforma de lutas que busque o compromisso do poder público em enfretá-las.

Violência Urbana e Juventude
Um grande drama é a crescente violência urbana, que atinge com especial crueldade os jovens das periferias das grandes e médias cidades. Inácio Cano, do Laboratório de Análise de Violência da UERJ, em entrevista disse algo emblemático: “A convivência com a violência significa primeiro a vitimização; segundo a naturalização e uma intimidade com ela. Os jovens passam a aprender com a violência e acham que é um método legítimo para resolver conflitos”.

Alguns dados dão cores vivas a isso. Calcula-se em 50 mil o número de homicídios todos os anos no país. Segundo estudo da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) divulgado em 2006, o Brasil é o terceiro país do mundo em homicídios de jovens. Mais da metade da população juvenil (55%) viram pessoas assassinadas nos últimos 12 meses e 30% deles já sofreram algum tipo de violência, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Educação, Saúde e Juventude
Nós, que participamos ativamente do movimento estudantil, já nos acostumamos a debater as insuficiências da educação pública brasileira. Ainda há enorme contingente de jovens sujeitos a uma escola pública que precisa se adaptar às necessidades atuais, pois em regra não consegue ser para o jovem o espaço fundamental para sua formação humana e de convivência.

É urgente requalificar o ensino desde a base, modernizá-lo e colocá-lo em contato com as expectativas do jovem de hoje. O estudante deve influir em parcela da grade de ensino médio, vinculando-o às suas necessidades futuras e de inserção ao trabalho. Ao mesmo tempo, é preciso lutar pela implantação do Sistema Nacional de Educação Integrado, unificando os esforços dos entes federativos na área de educação e dando parâmetros aos ensinos público e privado, bandeira atual do movimento educacional.

Infelizmente, ainda é comum que jovens tenham de abandonar precocemente os estudos – ou por motivos de trabalho ou, no caso das jovens mulheres, por serem mães. Segundo o IPEA ainda existem cerca de 14 milhões de brasileiros e brasileiras acima de 15 anos que não conseguem escrever um bilhete. Um país que se deseja proeminente não pode conviver com quase 10% de sua população relegada ao analfabetismo.

Ainda através do mapa de analfabetismo pode ser encontrado outro fator penoso ao país: as desigualdades regionais. O maior contingente de pessoas nessa situação está no Nordeste, embora a região não concentre a maioria da população.

Os abortos clandestinos são cerca de um milhão ao ano no Brasil, vitimando muitas mulheres e figurando como terceira causa de mortalidade materna. O SUS, o maior plano de saúde do mundo e conquista do movimento popular de saúde na Constituição de 88, até hoje vive dilemas para ser implantado em sua integralidade.

Ao lado disso há a questão das drogas que afeta contingentes crescentes de jovens e adolescentes. Existem estimativas que apontam o Brasil como consumidor de 6,5% das drogas ilícitas produzidas no mundo. O crack tem ganhado participação destacada entre as drogas consumidas pela parcela entre 19 e 26 anos, seu público-alvo. E as chamadas drogas lícitas também ganham espaço: cerca de 80% dos adolescentes já consumiram bebida alcoólica e 28% tragaram cigarro. A situação piora com o tratamento dado pela dita “sociedade adulta” ao problema, já que, via de regra, é moralista e criminaliza o usuário – ou seja, pune a vítima – em questão que é de saúde pública antes de mais nada.

Emprego
Questão a ser superada e onde não foram alcançados avanços significativos é a de inserção do jovem no mercado de trabalho. Embora o crescimento econômico tenha ajudado a mitigar o problema, ainda são muito difíceis as condições de empregabilidade para a juventude. Basta dizer que, o relatório Tendências Mundiais do Emprego Juvenil 2006 (OIT), apontava que metade dos desempregados brasileiros tinha entre 16 e 24 anos. Além disso, 52% não têm carteira nem seguridade social.

As políticas públicas focalizadas surtiram efeitos insuficientes, como pode ser visto pelo programa Primeiro Emprego. A UJS levanta a bandeira do emprego para a juventude desde sua fundação, em 1984, e terá de continuar persistindo nessa luta, já que é um dos principais dramas juvenis.

Enfrentar os interesses do capital financeiro
Para construir um novo Brasil é preciso enfrentar a lógica da concentração de ganhos na esfera financeira. Especuladores e banqueiros ganham fortunas a partir da agiotagem com a dívida pública brasileira, através da compra de títulos a juros escandalosos. O setor bancário obtém a maior lucratividade em nossa economia. Apenas no trimestre de julho a setembro de 2009, os bancos somaram 7,5 bilhões em lucros líquidos. Enquanto isso, todo o setor de alimentos e bebidas obteve 2 bi, o de mineração 3 bi, o de energia elétrica 4,6 bi e o de petróleo e gás 7,4 bi (Fonte: Economática). É urgente inverter isso, retirando privilégios do lucro fácil e destinando melhores condições ao trabalho e à produção.

Da mesma maneira, é preciso quebrar as amarras impostas pelas políticas fiscal e monetária, concentradas nas atribuições do Banco Central. Elas têm sido empecilhos para os investimentos públicos e privados. Em 2008, o Brasil economizou 118 bilhões para pagar juros da dívida pública. Para efeito de comparação, todo o orçamento da Saúde para 2009 fica na casa de 59 bilhões. Além disso, com a taxa básica de juros entre as mais altas do mundo e os juros cobrados pelos bancos privados ainda maiores, tomar empréstimos fica quase impossível para famílias e pequenas e médias empresas, dificultando a circulação de dinheiro e os investimentos. Outro problema grave é a especulação com a moeda brasileira, tornando-a supervalorizada e prejudicial à indústria nacional. O governo adotou a taxação de 2% aos capitais especulativos que entram no Brasil com o objetivo de minimizar o problema. A medida vem no sentido correto, mas com intensidade abaixo do que deveria.

Compatibilizar a modernização da infraestrutura com o meio ambiente
Um dos grandes gargalos brasileiros está na infraestrutura, ainda precária em muitas áreas. Pesquisa recente (CNT) mostrou que 69% das estradas brasileiras estão em estado de conservação impróprio. Este fator, além de proporcionar acidentes que vitimam milhares todos os anos, ainda causa enormes prejuízos no escoamento da produção, já que o país utiliza o transporte rodoviário como o principal para este fim. No que diz respeito às grandes obras necessárias à infraestrutura, cabe ressalvar a necessidade de se chegar a um bom termo que garanta o desenvolvimento do país e a preservação da sua enorme riqueza ambiental. Tanto as concepções “santuaristas”, que condenam todo e qualquer tipo de manejo da natureza, quanto as que desprezam os impactos ambientais e climáticos são equivocadas. O Brasil necessita assegurar o desenvolvimento sustentável, que combine as crescentes necessidades da modernização do país, a soberania nacional sobre o território e a preservação da fauna, da flora e dos ecossistemas brasileiros


Democratizar os meios de comunicação
Setor em que precisamos avançar e o governo fez pouco ou quase nada é o de telecomunicações. Os grandes grupos de mídia detêm poder desmedido e buscam impor a agenda política do país. Atuam para criminalizar movimentos sociais e suas legítimas reivindicações, escolhem fatos a serem explorados e serem escondidos, elegem vilões e mocinhos de acordo com seus interesses. Por isso, democratizar a mídia é tarefa de grande importância e da ordem do dia. A Conferência Nacional convocada sobre o tema foi um passo importante, mas com excessivo poder aos empresários que, ainda assim, tentaram boicotá-la por todos os meios. Embora tímida e sem debate com os movimentos sociais, uma iniciativa a ser apoiada é a TV Brasil, criada como emissora pública. Disputa intensa será travada na implantação do Plano Nacional de Banda Larga, que pode ser oportunidade para levar o acesso à internet para 165 milhões de pessoas, com todas as possibilidades que isso representa para acesso a informações e novos conhecimentos.


BOX:
A crise capitalista num mundo em transição
A grave crise financeira que afetou o mundo, com epicentro nos EUA, demonstrou a falência das políticas neoliberais e desmoralizou a tese de autorregulação dos mercados, à margem dos Estados.

Tal realidade pode acelerar uma transição à multipolaridade no mundo, pois os Estados Unidos vem perdendo espaço de única potência à medida que outros países e blocos de países se aliam e lutam por mais espaços econômicos e representação política em fóruns e organismos internacionais. Esta mudança não acontecerá da noite para o dia e nem sem resistência norte-americana, mas é uma tendência de longo prazo. Dentre os países em desenvolvimento ganham destaque no cenário mundial estão China, hoje a segunda maior economia do mundo, Rússia, Índia e Brasil, que são os chamados BRIC, além de África do Sul.

Na América Latina segue o avanço de governos democráticos e populares, fazendo da região importante pólo da resistência anti-imperialista, sendo que muitos países reafirmam a perspectiva de construção do socialismo. Contudo, a contra-ofensiva das elites é dura e causa tensões em todos os países. Recentemente as elites têm gerado grandes dificuldades políticas aos governos progressistas de Argentina e Paraguai.

Como progridem as lutas dos povos, crescem as ameaças à paz na região. Os EUA revigoram a 4ª Frota e instalam mais bases militares na Colômbia, sob falso pretexto de combater o narcotráfico e com apoio do governo direitista de Uribe. Os povos sul e latino americanos devem seguir unidos na luta anti-imperialista e a melhor forma de faze-lo é insistir na integração solidária do continente.

“Só vai cantar em tom maior/
Vai ter a felicidade de
ver um Brasil melhor” (Martinho da Vila)

Eleições 2010: Avançar nas mudanças e impulsionar a luta pelo socialismo
O processo eleitoral de 2010 será decisivo para que o país siga avançando no caminho certo. Não é uma frase feita dizer que dois pólos estarão em disputa feroz, sendo que um deles representa o campo que tem buscado transformar a realidade nacional e outro que deseja voltar ao poder para reinstalar seu velho receituário neoliberal.

Portanto, devemos sim lutar com todas as forças contra o retrocesso. Mas também é verdade que o Brasil atingiu condições de poder sonhar mais alto, por isso devemos pautar nosso debate por um programa de avanços mais profundos e acelerados.

Não nutrimos ilusões de que resolveremos os problemas da juventude e do povo através de melhoras no sistema capitalista. Por isso, UJS quer contribuir para construir o Socialismo no Brasil. Sabemos que, quanto mais as transformações acontecerem, ampliando os direitos do povo e melhorando o país, mais conseguiremos ganhar adeptos para a causa de derrotar o capitalismo e construir uma nova sociedade – e é isso que nos move!

Olhando o presente com a perspectiva revolucionária, para os jovens socialistas não basta a mera continuidade. Queremos derrotar definitivamente os setores da elite que jogam contra os interesses nacionais e avançar para um país mais democrático, soberano e desenvolvido – uma realidade que melhore as condições de lutarmos pela nova sociedade. Isso só será possível enfrentando os poderosos interesses dos setores financeiros e especuladores e vencendo seus representantes políticos (PSDB/DEM).

A tarefa não será fácil e vai requerer uma ampla união de forças em torno de uma candidatura que represente o legado dos governos Lula, traga propostas que renovem as esperanças por maiores conquistas e aproveite os altos índices de popularidade do governo e do presidente.

É favorável ao nosso lado a comparação entre projetos e gestões. Para se ter uma ideia, 76% dos brasileiros consideram Lula melhor que FHC e apenas 10% avaliam o contrário. 49% dos eleitores não votariam de jeito nenhum em candidato apoiado por FHC. Em artigo recente, o ex-presidente tucano revelou seu desespero e reconheceu sua falta de votos ao dizer que Lula pratica um suposto “autoritarismo popular” – ou seja, foi eleito com o voto da maioria e governa com o apoio da maioria do povo.

Para a juventude contará capitalizar aquilo que foi feito, mas também apresentar idéias novas. Iniciativa muito positiva neste sentido foi o seminário “Juventude e o Projeto Nacional”. Realizada em outubro de 2009, a atividade reuniu UJS, JPT, JSB, JS-PDT, JPL e JPMDB para debater as políticas públicas implementadas na área, formular novas propostas e incentivar a unidade desses setores no processo eleitoral. Ações como esta também devem acontecer nos estados, utilizando a plataforma aprovada como elemento de agitação e mobilização política da juventude.

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